A questa?o das relac?o?es de Jung, e da psicologia junguiana em geral, com a arte e? ta?o complexa que precisamos cada vez mais de livros importantes como este. Entre os junguianos, parece haver hoje, mais que antes, um crescente interesse em buscar na arte uma reflexa?o genui?na que, ao mes- mo tempo que amplia e renova constantemente a pra?tica cli?nica, tambe?m coloca as categorias do pensamento junguiano a servic?o da compreensa?o na?o so? do indivi?duo, mas do mundo, das coisas do mundo e da alma do mundo. A possibilidade de compreensa?o do trabalho da alma em nossas vidas ganha profundidade relevante ao passar pelo convite, pelo convi?vio, pelo conta?gio com a obra de arte. Com ela aprendemos muitas vezes mais sobre a psique do que com a pro?pria psico- logia. Constro?i em no?s a resposta este?tica, responsa?vel pelo despertar da alma. Nossas respostas aos sons, a?s cores, a?s formas, em tudo aquilo que desenhamos, pintamos, esculpimos, arquiteta- mos, danc?amos, escrevemos, tocamos. Considerar a possibilidade de imagens coletivas na psique humana, a relativizac?a?o do artista enquanto fantasia de origem numa obra de arte, a noc?a?o da realidade simbo?lica transpessoal informando a criac?a?o arti?stica, tudo isso so? e? possi?vel depois de Jung. Jung disse que o artista e? um vei?culo e um modelador da vida psi?quica inconsciente. T. S. Eliot disse que a poesia comec?a com um selvagem batendo um tambor numa floresta. O poeta refere-se a percussa?o e ritmo. O claro-escuro pro?prio da alma tambe?m apresenta os ritmos mais profundos com os quais devemos nos alinhar. James Hillman disse que essa e? a arte da alma. Percebermos a alma por meio da arte o que tambe?m significa percebermos a arte por meio da alma aponta outra via re?gia para o trabalho com a psique, ale?m do sonho, ale?m do sintoma. E? isso que ta?o bem fazem os autores dos ensaios deste livro.