No interior de São Paulo, uma área rural urbanizou-se, destacou-se no cenário econômico nacional e abriu as portas do estrangeiro para os seus produtos. Era o complexo coureiro-calçadista de Franca. Na segunda metade do século XX, os planos do nacion al-desenvolvimentismo, de substituição das importações – mediante industrialização fabril –, encontrou bons sapatos para usar. Nos 40 anos cobertos pela sistemática e minuciosa investigação de Vinícius de Rezende, os trabalhadores e as trabalhadoras também protagonizaram lutas que impulsionaram a marcha adiante do movimento social, perante um adversário tão poderoso quanto fisicamente próximo e vigilante até mesmo íntimo. Com invejáveis energia e argúcia, Vidas fabris analisa não só relações entre capital e trabalho, de equilíbrio e convivência, mas também de tensão e diferenças. Ao contrário do que se pode pensar, operários e operárias não se reduziam a sua força de trabalho, a uma quantidade de energia a ser vendida e comprada. Não era m número. Também não estavam alienados e à deriva, como dominados ou consumidores. Não eram um grupo social que vivia para o desfrute dos outros. Ean: 9788579393679