A vida dos guarani mudou radicalmente depois da chegada dos europeus, mas pouca gente percebe que esse povo ainda esta aqui, resistindo ao avanco da cultura dos jurua, preservando seus costumes e seu idioma e tentando viver segundo suas tradicoes ancestrais - inclusive dentro da maior metropole brasileira. Hoje, os Guarani lutam pela conclusao da demarcacao de suas terras na zona norte e na zona sul da cidade de Sao Paulo. A situacao e caotica. Mais de dois mil indigenas vivem esmagados em pequenas areas nas regioes do Jaragua e de Parelheiros. Depois de muitos anos de paciencia, os Guarani - povo tido como calmo e cauteloso - perceberam que precisavam mudar suas estrategias de luta. Iniciaram, assim, uma nova pagina em sua longa historia de resistencia, misturando a sabedoria dos mais velhos e os ensinamentos de Nhanderu Tenonde, sua maior divindade, com a energia e a valentia das liderancas mais jovens. (...) Foi com esse espirito de luta que um jovem xondaro guarani, Wera Jeguaka Mirim, abriu uma faixa pedindo demarcacao durante a abertura da Copa do Mundo no estadio do Itaquerao, em junho de 2014. A mensagem de resistencia ecoou em todo o planeta, mas o reconhecimento oficial da recente onda de mobilizacoes guarani so aconteceu em maio de 2016, quando o ministro da Justica Eugenio Aragao assinou uma Portaria Declaratoria reconhecendo a terra indigena de Parelheiros - um passo muito importante no processo de demarcacao. O livro Xondaro retrata, em quadrinhos, um pouco dessa historia.