Um relógio de pulso esquecido, de pulseira transparente e aparência de brinquedo, reaparece décadas depois no pulso de um barbeiro. A coincidência seria apenas engraçada, não fosse o arranhão no visor, idêntico ao do relógio que o protagonista perdeu há tantos anos. Essa é a primeira peça fora do lugar numa engrenagem de eventos improváveis que se desdobram com a estranheza calma dos presságios. A partir de um podcast sobre Sêneca, o tempo deixa de ser uma linha reta. O trabalho é abandonado. O cotidiano racha. Um e-mail enigmático leva a uma viagem onde o real e o fantástico caminham lado a lado, como quem se habituou à companhia do estranho. Com ecos de Cem Anos de Solidão e a sensação de que o tempo não anda, mas tropeça em círculos, As Horas Perdidas do Homem Sem Horas é uma viagem absurda e delicada. Uma busca sem sentido por algum sentido. Um romance que se atravessa como quem sonha acordado: entre uma limousine no Canto da Lagoa, um gato de rabo duplo vagando por Eldorado e uma galeria de duplos-sentidos escondida no subsolo de Paris. Marca: Não Informado