Em 1964, Alberto Manguel, Então Com Dezesseis Anos, Trabalhava Em Uma Famosa Livraria De Buenos Aires, Onde Era Possível Encontrar As Últimas Novidades Publicadas Na Europa E Nos Estados Unidos - E Onde Todas As Tardes Borges Passava, Retornando Da Biblioteca Nacional. Um Dia, O Escritor, Já Cego, Perguntou Ao Jovem Manguel Se Ele Estaria Disposto A Ler Para Ele À Noite, Já Que Sua Mãe, Doña Leonor, Com Noventa Anos, Se Cansava Facilmente. O Apartamento De Borges É Um Lugar Fora Do Tempo, Povoado De Livros E Palavras, Um Universo Puramente Verbal Onde Manguel Descobrirá O Tipo De Conversa Que Lhe Era Congenial - A Dos Livros E De Sua Feitura. E Descobrirá (Ele Que Havia Crescido Em Israel E Que A Partir De 1968 Viveria Em Diversos Países), A Única Terra À Qual Vale A Pena Pertencer - A Da Literatura. Com Uma Paixão Constantemente Moderada Por Um Afável Comedimento, Manguel Nos Faz Compartilhar Sua Descoberta, Permitindo-Nos Conhecer O Que De Borges Não Conhecíamos. Tanto Que, No Final, Nos É Difícil Acreditar Que Não Conhecemos Pessoalmente Borges, Que Não Fomos Hóspedes Em Sua Casa.