Imigrantes venezuelanos na escola pública brasileira: A narrativa de ser aluno estrangeiro

Os profissionais da educação de todo o Brasil vivenciam uma realidade desafiadora desde 2015, especialmente no território do estado de Roraima que, ao longo dos últimos 10 anos, recebeu um número significativo de imigrantes venezuelanos. As famílias chegam às cidades roraimenses com os filhos e, necessariamente, essas crianças e adolescentes são matriculados nas instituições de ensino. A maior incidência de estudantes oriundos da Venezuela está em Boa Vista, a capital, e foi lá, em 2023, que fiz a coleta de dados da pesquisa do curso do doutorado que eu cursava no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (ProPEd/UERJ), concluído em 2024. As narrativas dos estudantes são impactantes, dramáticas e revelam um lado pouco explorado nos estudos em educação do país, tendo em vista que, em geral, investigações desta natureza privilegiam o olhar do pesquisador sobre a narrativa. Aqui os papéis se invertem, porque são os alunos que contam suas histórias e trajetórias de vida no âmbito escolar: desde a migração até o sentimento de chegar à escola no Brasil, os desafios e frustrações de ser um estrangeiro neste contexto de ensino-aprendizagem permeado pelo constante e diário estranhamento e pela diferença.
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